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Unicamp estuda uso de estímulos elétricos contra cólicas menstruais

Pesquisadores da Unicamp, em Campinas (SP), estudam o uso de estímulos elétricos para tratar cólicas menstruais. O dispositivo testado na eletroterapia, como o procedimento é chamado, já existe no mercado e pode ser usado como autotratamento pelas mulheres. A pesquisa está em andamento, mas tem deixado os estudiosos otimistas.

"A gente acredita que vai ter benefícios e que vai ter um resultado positivo para o alívio da dor dessas mulheres, ou mesmo a redução de medicamento", explica a pesquisadora da Unicamp Ticiana de Mira.

Trinta voluntárias já fizeram o acompanhamento e mais 50 serão acompanhadas nos próximos quatro meses para a finalização do estudo. A previsão é que até o fim deste ano o resultado seja divulgado na comunidade científica.

"O recrutamento é que vai nos mostrar, de fato, todo o benefício do equipamento. Varia muito de mulher para mulher, por conta da forma em que a dor se apresenta. A percepção da mulher sobre o estímulo elétrico também varia", afirma Ticiana.

'Era uma dor 10'

Para a voluntária Marcela Bardin, que participou da primeira fase e foi acompanhada por quatro meses pelos estudiosos, os resultados já vieram. O uso do aparelho que emite os eletroestímulos nesse período a surpreendeu.

"A gente qualifica a dor de 0 a 10. Era uma dor 10. A ponto de ter que tomar remédio duas vezes por dia e o aparelho ajudou a ponto de não precisar de remédio. Um ótimo começo", conta.

Aparelho já funciona para outros fins

A eletroestimulação com esse aparelho já é feita em sessões de fisioterapia com uso ortopédico e para alívio de dores. A partir daí surgiu a ideia de aplicar a técnica para dores menstruais.

"A gente já buscou um recurso utilizado para o alívio da dor. (...) Para uma dor que é frequente, que é tão relatada pelas mulheres, por que não testar para ver qual o efeito para cólica menstrual?", explica a pesquisadora.

Como usar

O aparelho portátil deve ser colocado sobre o abdome, onde a dor está localizada, duas vezes ao dia, por 20 minutos em cada sessão. A própria mulher pode definir a intensidade dos estímulos elétricos.


"A sensação que a mulher tem é como se fosse um formigamento. Ela consegue dosar [a intensidade], tem três opções. As mulheres são orientadas a escolher aquilo que fica mais confortável", explica Ticiana.

Caminho da dor

De acordo com a pesquisa da universidade, quando uma pessoa está com dor, o corpo libera substâncias que são conduzidas pela medula espinhal até o cérebro, que recebe o alerta e transforma essa sensação em dor.

Ao colocar o aparelho em teste sobre o local da dor, os pesquisadores verificaram que os estímulos elétricos impedem que a informação sobre o mal-estar chegue ao cérebro e, assim, o organismo entende que não há nada de errado.

Mulheres em teste

O estudo começou em 2015 e já avaliou 30 mulheres, em fase inicial. Este ano, a pesquisa será ampliada com a convocação de mais 50 voluntárias pra fazer o acompanhamento no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism) da Unicamp.

As interessadas precisam ter mais de 18 anos e não podem estar tomando nenhum remédio de uso contínuo, nem anticoncepcional. Também não podem estar grávidas e não podem ter problemas cardíacos, principalmente arritmia ou uso de marcapasso. Elas vão receber as orientações dos pesquisadores de como usar o aparelho e farão as sessões em casa.

Para se candidatar e ter mais informações, o caminho é ligar no telefone 0800 770 70 80.