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Produtos, como a linha da Negra Rosa, chegam ao mercado para inovar a rotina completa de cuidado facial da mulher

Mesmo que a grande maioria da população brasileira seja composta por pessoas negras – 56%, segundo dados atuais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, o mercado da beleza chegou a ser inversamente proporcional em relação à oferta de produtos pensados exclusivamente para esses consumidores. Antes, itens de cuidados com a pele e maquiagem eram raríssimos no mercado brasileiro e, apesar da indústria avançar com lançamentos, quem consome esses produtos ainda acredita que essa lacuna precisa ser cada vez mais preenchida.

“Eu ainda sinto falta de produtos para a pele negra e protetor solar. Eu procuro sempre por indicação de amigas do meu tom de pele, para ter a certeza de que não vai ficar esbranquiçado e nem claro demais”, pontua a médica Agatha Soyombo, sempre atenta com os cuidados de sua pele – limpeza, hidratação e proteção solar.

Foi em relatos e queixas como essas que Rosângela Silva criou, em 2016, a Negra Rosa, marca desenvolvida especialmente para mulheres negras – e também por uma mulher negra. Antes, a empresária tinha um blog e um canal no YouTube, em 2010, em que resenhava sobre os produtos e lançamentos na época. O espaço serviu de laboratório para que criasse a sua marca: “depois desses anos todos e vendo que o mercado brasileiro ainda não tinha um olhar cuidadoso em querer realmente ver nossas particularidades e, assim, produzir produtos para a nossa pele”, contou.

Em julho deste ano, a Negra Rosa lançou um portfólio, até então, inédito para as consumidoras: uma linha de skincare dedicada a atender as necessidades da pele negra. “É um marco ter uma linha completa de skincare desenvolvida a partir da escuta da consumidora, do teste dessa mesma pessoa e depois ver os produtos serem lançados. É de muita emoção”, disse ela, que desenvolveu a linha a partir de grupos de conversa com outras mulheres negras em peles das mais diferentes idades e texturas. A novidade chegou ao mercado pela Farmax, uma indústria de cosméticos e produtos de higiene pessoal que está há 42 anos no mercado.

“São produtos com alta performance, que foram formulados para as necessidades e características da pele negra. Todos os nossos itens não são testados em animais e entregam benefícios para problemas específicos da mulher negra, com efeitos antioleosidade, antipoluição, antimarcas e uniformização da pele, antissinais, antiquebra e antiestrias”, explica.

Esclarecimentos
A empresária ainda conta que existem muitos mitos sobre a pele negra que praticamente a isenta de ter cuidados especiais – como ser mais resistente ou ter superproteção solar, por exemplo. “Nossa pele é sensível, mancha com facilidade, tem tendência a fabricar mais sebo. E também tem pele negra que é seca”, explica. Outro esclarecimento pontuado por Rosângela é que o uso de produtos de limpeza que são muito agressivos ou que removem todo o óleo natural da pele precisa ser evitado uma vez que “pode levar a uma produção ainda maior de sebo como mecanismo de defesa da pele, o famoso efeito rebote”.

Quem confirma é Clessya Rocha, dermatologista pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). “Pele negra apresenta maior quantidade de melanina e fibras de colágeno mais densas, assim, ela mancha com mais facilidade”, explicou.